segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Relato do parto de Lia

Sentei pra escrever esse relato e me atrapalhei. Foram tantas coisas que aconteceram dentro de 24 horas que minha cabeça não conseguiu registrar tudo de maneira organizada. Parei e, com calma, fui tentando reviver o dia 10 deste mês.

Na verdade, esse relato começa no dia 09 de agosto, quando fui para minha última consulta na obstetra. Há uma semana minha pressão vinha subindo e a preocupação com o histórico de pré-eclampsia na minha família pesando cada vez mais. Durante 39 semanas consegui evitar problemas deste tipo, tanto que minha médica ficou surpresa quando tirou minha pressão na segunda feira (06 de agosto). Tomei remédio, parei de comer sal, ficamos monitorando. Não baixou. Na quinta feira (dia 09) medimos e estava 16 por alguma coisa. Minha médica calmamente explicou que, se esperássemos muito, corríamos o risco da pressão subir mais e o bebê entrar em estresse. Seria um parto arriscado e, se houvesse a necessidade de uma cirurgia de emergência, o risco seria maior. 

Chorei horrores, já lamentando pelo parto normal que eu tinha tanta certeza que conseguiria. Não quis marcar a cirurgia, pedi mais um tempinho para pensar, e fui conversar com outras 02 médicas para saber se concordavam com o diagnóstico. Elas concordaram. Aí fui falar com uma doula. Ela também concordou. Derrotada. 

Voltei pro consultório da minha médica, marcamos a cesárea para o dia seguinte, 10 de agosto, às 14h. Liguei para Gilberto, que teve uma super paciência, me acalmou e escutou todas as minhas reclamações. Aí a ansiedade começou a bater! Lia ia nascer!! O restante do dia foi dedicado a terminar de arrumar todas as coisas que faltavam pro bebê. Correria!!! Nessa noite, aproveitei para tomar meu estoque de coca-cola (compensando pelos infinitos meses que vou passar em abstinência) e comer tudo que encontrava pela frente. Meu jejum precisava começar às oito da manhã, portanto posso dizer que foi uma noite deliciosa. Tentei curtir cada movimento de Lia, já sentindo saudade daquele serzinho que estava dentro de mim há tanto tempo. Deitada na cama, Lia parecia saber que ia nascer logo e chutou horrores. Ou talvez fosse só eu, que sabia que essa era a última noite que ia sentir meu feijão se espreguiçando dentro de mim. 

No dia 10/08, acordei às 07h da manhã, tomei café, bebi bastante água e peguei um taxi para o hospital D'Ávila. Minha mãe tinha ficado de chegar por lá mais tarde, com todos os pacotes que íamos precisar durante o período de internação, e Gilberto estava em Aldeia e achamos melhor ele me encontrar no hospital. 

Cheguei ao hospital às 08h30 da manhã e fui começar a dar entrada na papelada do plano de saúde. É uma demora. Mais ou menos nessa hora começou a me dar uma sede desgraçada, que só foi ser curada às 22h daquela noite, quando meu jejum chegou ao fim. Maldade com as grávidas! Gilberto chegou ao hospital 15 minutos depois de mim e ficamos juntos esperando liberar um quarto...isso aconteceu às 12h30. Humpf.

Nesse meio tempo, Juliana, Bruna, minha mãe, Tia Velma, Digo e Maria chegaram ao hospital e ficaram esperando conosco na sala de espera. Quando o quarto foi liberado, fomos todos organizar os 500 pacotes que minha mãe havia trazido e todo mundo que podia comer foi almoçar. Bruna e Juli ficaram comigo no quarto. Minha sogra chegou logo em seguida, com meu cunhado Gabriel, e, a partir daí, o quarto começou a encher de amigos lindos que vieram esperar a chegada de Lia. 

Quando Gilberto voltou do almoço, já estava na hora de me arrumar para a cirurgia. Expulsamos praticamente todo mundo do quarto e eu fui tomar banho e vestir a roupinha da cirurgia. UMA NOTA SOBRE A ROUPA: ela só está lá para dizer que tem um pano lhe cobrindo - é uma batinha branca, completamente transparente e com uma abertura enorme nas costas. Dignidade, cadê?!

Minha médica passou pelo quarto para avisar que estava tudo pronto e o maqueiro iria me buscar logo mais para irmos para a sala de cirurgia. Ai, nervos!! Gilberto também se trocou - colocou uma calça e um sapato - para ir até a sala de preparativos, onde ele recebe a roupinha de acompanhante para entrar na cirurgia. Até esse momento, eu não tinha conseguido falar com minha médica para saber se Isabela poderia entrar na cirurgia. Estava tudo dependendo da quantidade de pessoas na sala. Para minha feliz surpresa, Belinha desenrolou tudo sozinha! Até hoje eu não sei como foi isso, mas quando olhei para a porta estava ela e Gilberto vestidinhos e prontos para acompanhar o parto. 

A subida para a sala de parto foi uma chuva de ansiedade! Gilberto começou a chorar assim que entramos no elevador e eu mal conseguia falar. No caminho para a sala, passamos por vários amiguinhos que já estavam esperando perto do berçário. Aqui eu não lembro exatamente quem falou comigo quando estava entrando na sala de cirurgia, e também não lembro se Gilberto entrou comigo ou se chegou por lá depois, mas eu lembro perfeitamente que o caminho parecia eterno! 

Na sala de parto, conheci a equipe que traria Lia ao mundo. Conversei com a pediatra para pedir que colocasse Lia no meu colo assim que ela nascesse, tirei todas as minhas dúvidas em relação ao processo da cesárea e fui, em geral, muito bem tratada e atendida pela equipe. Especialmente pela anestesista, que passou a cirurgia inteira me explicando o que estava acontecendo e o que eu ia sentir. 

Gilberto e Bela entraram na sala de parto já depois da minha médica ter feito o primeiro corte. Giba estava muito emocionado, e ocupado fazendo carinho na minha cabeça. Bela estava ocupada tirando fotos. Eu estava ocupada sentindo várias mãos mexendo dentro de mim e puxando minha barriga pra cá e pra lá. Num espaço de tempo que pareceu de 10 minutos, as enfermeiras abaixaram o paninho que cobre minha visão e nós pudemos ver o momento em que Lia saiu de dentro da barriga. 

Com o pai de Lia beijando minha cabeça e meus olhos tão cheios de lágrimas que eu mal conseguia ver, senti uma pressão engraçada na hora em que aquele corpinho gordinho e roxo foi levantado e imediatamente abriu o berreiro. Geyse, a pediatra, aspirou o narizinho e colocou ela imediatamente nos meus braços e nós pudemos ficar alguns minutos com nosso bebê, conhecendo cada tracinho do corpinho dela. Depois, Geyse entregou-a para a enfermeira, para fazer os procedimentos padrão no berçário. Gilberto foi junto, acompanhar nosso feijãozinho (só depois descobri que não deixaram ele entrar no berçário!). Bela me deu um abracinho e saiu da sala, para os médicos terminarem a cesárea. 

Pedi para não dormir durante o restante da cirurgia, pois não queria estar grogue o resto do dia. Fui para o pós-cirúrgico, onde passei TRÊS HORAS (o normal é passar uma hora e meia), perguntando a cada 15 minutos se já podia ir pro meu quarto. Queria ver Gilberto, meus amigos, minha família...e queria muito ver Lia!! Infelizmente, nesses momentos o maqueiro esquece do paciente e demora o dobro do tempo para buscá-los. Quando enfim cheguei ao quarto, sofri uma grande frustração: não podia falar!! Bloquinho de notas para a salvação! Vejo agora que minha lógica de "não dormir para não ficar grogue" não funcionou muito bem... não consigo lembrar de metade das pessoas que estavam no quarto quando voltei. Lembro só que Lia chegou ao quarto bem rapidinho. E que ela era rosinha.  










5 comentários:

  1. essa sou eu aqui chorando! tia boba doida pra conhecer lia!
    parabéns julinha, por lia, pela família e pelos seus amigos queridos!

    beijo em todos!

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  2. Adorei ler o relato!!! Ainda tô longe de ser mamãe, mas tem superdicas aí, com certeza. Abraço em vc, Lia e Gilberto!

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  3. Tô chorando também. Ai como é lindo e emocionante <3

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  4. ai, que coisa mais linda do mundo! to no trabalho, com os olhos cheios de lágrimas! deve ser extremamente emocionante, mais do que se espera que seja. quero muito conhecer a pequena Lia. :)

    MarinaNina

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  5. Gente, o "obrigada" vem atrasado mas é de coração. Fico muito feliz em saber que vocês acompanharam esse momento tão especial. Venham conhecer Lia! (L)

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